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Ana
+Contradição
teu nome é Ana
Paixão
Teu nome é Ana
Meiguice,
carinho
por pequenos
e gatinhos
Teu nome é Ana.
Forte,
sonhadora,
lutadora
a todos arrosta
enfrenta
nem tente
usar sua mente
para a contrariar
ai Senhor!
nesse momento
vai-se o amor
e vem a fúria
com todo ardor.
Coisas impensadas
jorram
qual lava de um vulcão!
Passa o tempo,
vem a razão
e degladia com o coração.
Desculpas pedir
ou da rinha sair?
Mas se brota uma risada
Quiçá uma gargalhada,
vence o coração
e que se dane a razão.
Ela é pura contradição.
Vai do gelo ao vulcão
num ápice
num segundo
inacreditável ver
como tudo
ela pode revolver,
e se alguém se dispuser
a outro coisa
dessa palavra pensar,
saiba que de arma
não se trata,
é como se na terra
o adubo,
o monturo querer
misturar,
e dali uma flor
ver brotar,
sonhar
fazer
e afinal resolver.
Essa é a Ana
Inacreditável
mas tão acreditável.
Ana contradição
entre a paz e a guerra
só ela sabe a razão.
Sylvia Roriz -
Ano Novo
+Aleluia! Nasceu!
Como um cometa cruzando os céus, o ano novo surgiu e o velho se despediu.
Engatinhando, em novos decisões vai pensando.
Sua vida melhorar. Mais dinheiro ganhar. Aos outros
se dedicar. Novos amigos ganhar... E quanto mais!
E o tempo irá passar.
Crescerá.
Novos inventos verá. As estações do ano verá passar.
Se modificara?
Só podemos desejar que a paz ele vá, com afinco, procurar.
Sylvia Roriz
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Direitos
+Direitos tantos
que não se pode ter...
é como outras vidas
em si reviver.
Priscas eras
que di chão britam...
suas raizes sufocam,
mente e corpo secam
e o coração...
a este renegam.
malditos direitos
que tudo levam a jeito
e que meu amor rejeitam
Sylvia Roriz -
Gritos
+Quero gritar!
Ter direito de sonhar,
com amor viver,
sem precisar esconder.
Quimeras que o vento leva
que a tudo sobreleva,
tempestades de verão,
faíscas que britam do chão.
Quero gritar!
E o coração se rebela,
e o raciocínio revela
que não adianta gritar,
pois é proibido sonhar.
Já não se pode amar.
Sylvia Roriz -
Humberto
+Quem este homem será?
um guerreiro de outrora?
ou um apaziguador?
Mistério a desvendar...
altaneiro,
moreno,
sensível,
fagueiro....
Será um cozinheiro?
Mistério a desvendar...
Chef de la cuisine
pode se intitular,
sensível
um gatinho pode amamentar.
Mas quem ele será?
Mistério a desvendar...
Ironico,
risonho,
está o riso
sempre a procurar.
Mas quem esse homem será?
Mistério a desvendar...
Trabalhador,
sonhador,
cuidador,
decorador,
epitetos tantos
ele pode ganhar.
Mas quem esse homem será?
Mistério a desvendar...
Pai amante
carinhoso
os filhos sempre quer
ao seu lado ter,
e acarinhar.
Mas quem esse homem será?
Mistério a desvendar...
Marido,
amante,
romantismo
a extrapolar
tudo enfrenta
para ao lado da mulher
sempre estar.
Mas quem esse homem será?
Mistério a desvendar...
Mil facetas
se deve procurar
para esse homem
poder encontrar
e finalmente
o mistério desvendar.
Sylvia Roriz -
Insatisfação
+Insegurança,
desesperança,
rejeição,
solidão.
Simples termos
que nada dizem
do vazio,
do ermo
que minha mente,
meu coração,
povoa.
Tristeza,
insatisfação,
ânsia de realização,
o sonho revoa,
asas agitando,
me desesperando
por não saber
o que querer,
o que poder,
quero escrever,
pôr para fora
o que me angustia.
Para os outros finjo alegria,
por dentro
estou numa total.
horripilante,
apatia.
Sylvia Roriz -
Jogo
+O jogo segue enervante
O coração balança
E a bola se lança
Tentando o gol acelerar
Ver o Brasil ganhar!
E os minutos correm
E o inimigo desconcentra
E sobre o nosso campo centra.
Perplexos os dedos se apertam
Numa grande tensão....
Agüenta coração!!!
Sylvia Roriz -
Jogo Portugal x Brasil
+Escrever por escrever
E o jogo ver passar
Brasil.... Portugal...
Uma bola a perseguir
Doida para um gol ver sair
E o jogo continua,
Enervante,
Pulsante,
Um recebe
Outro atropela
A tensão vai subindo,
Enquanto a bola
Da rede vai fugindo...
Bate na trave
Sobe, vai de lado,
Dois sobem
A bola procurando
E na grama saem rolando.
Portugal acelera
Brasil atropela.
Quem corre,
Quem esbarra?
Os times vão revezando
Nesse empurra e corre geral
E o gol não sai!
De longe um se atreve
Mas a bola sai de lado
E quem assiste decepcionado.
E continua a corrida
E do gol a bola escapa,
Ora Portugal se aproxima
E a gente mal respira
Ora o Brasil tenta a rede balançar...
A multidão ruge e grita
Levanta, se agita
Mas a sorte implacável
Torna a trave maleável.
E o jogador seu próprio goleiro atropela
E o técnico se arrepela
Grita e xinga
Quer ver o gol sair
Seu time sobressair.
O segundo tempo está a meio
E agora eles já se machucam
Sem carinho se fitam
E o pirata de aquário
De mau olhar se lança
E ao errar,
Irritado, se afasta
E os que assistem se ufanam
E cantam um vira safado
Que o time não escuta...
Mas já se vê uma permuta
Cinco minutos mais longos
Da história se arrastam.
O gol pinta...
Mas sai fora
E o povo chora e implora
Um gol sai agora!
Mas a penosa da rede se afasta
E o goleiro agora
Sobre um atacante se arrasta...
E é o pirata de aquário
Que sai da água e se afasta
E o jogo termina em frustração
Pois nenhum gol saiu.
E o coração?
Ah! Esse descansou
Pois o Brasil afinal ficou!
Sylvia Roriz -
Lucia
+Profunda
Sonhadora
Protetora
A professora
De dogmas imbuída
De amor possuída.
É firme
É doce
Cortês,
De ideais passados
No presente
Se curva mas não se abate
Enfrenta todos os embates
Sylvia Roriz -
Mãe
+O mundo inteiro
no teu dia
se enternece,
e ninguém esquece
da que já se foi,
da que sem o filho
um dia ficou,
ou que o mundo
por um filho
enfrentou.
Felizes aqueles
que no teu dia
abraçar te podem,
sob teu olhar
se acolhem.
Que homenagem
te prestam,
enquanto a outros,
outros tantos,
apenas as flores
da saudade restam.
MÃE
Mãe.
Palavra pequena
de tão profundo significado.
Que faz de um ser
solitário, perdido,
um ente muito amado.
Que de um broto pequeno
uma árvore frutífera
com seu amor transforma.
Mãe.
Ser que chora,
que ri,
aos filhos irmanada.
Que de si se esquece,
sua dor não transparece
para sua prole não magoar,
enquanto os ensina
a todos amar
Mãe
Três letrinhas
que um bebe balbucia
o abrigo de seus braços
com amor procurando,
todo medo afastando
Mãe.
que ao seu filho
ver em perigo
tudo arrosta ,
se agiganta,
o pranto prende
na garganta,
para só depois
de salvo o ver
então desfalecer.
Do adulto o arrimo,
pois com seu carinho
o faz empreender
do bem o caminho.
E quando já velhinha
branca nuvem
a coroar sua cabecinha,
sempre terá
um de seus filhos
a lhe servir de bengalinha.
Sylvia Roriz -
Marli
+O que posso sobre essa mulher
Batalhadora escrever?
Nada deixa entrever,
Sua alma esconde ferrenha
Seus segredos.
Ri...
E seu riso sobre aos olhos,
Sem antolhos,
Mas sem deixar outros
Em seu imo penetrar
No que realmente pensa,
No que realmente quer.
Temida?
Querida?
Incógnita para uns
Livro aberto para outros.
Será?
Quem adivinhará
O que essa guerreira pensa....
Mulher de sete instrumentos,
Se sai bem a cada momento.
Essa mulher aguerrida
É por muitos muito querida.
Sylvia Roriz -
Máscara
+Amor,
vida,
risos
e choro
eis do mundo a essência
de Deus a aquiescência.
Se chorares
chora só.
O mundo não te acompanha.
Gargalha,
ri por fora
e todos te acompanham.
Ama a vida com fervor,
olha o céu...
e ao teu redor.
Ria
e contigo rirão.
E a tristeza fugirá.
Nada te magoará.
Sylvia Roriz -
Meu Pai!
+Natal se aproxima e me ponho a pensar que quase não te vi...porque eu assim não quis.
Que chegas em casa cansado, esfomeado e nem boa-noite te dou ou pergunto como passou.
Que do alto da minha sabedoria de 19 anos eu te julgo, recrimino, te acho "quadrado" totalmente obliterado.
Não tenho tempo. Sou por demais ocupado. Tenho amigos, faculdade, namorada...Que queres mais?
Es velho, desgastado. Só serves para dares os poucos trocados. De usar teu carro, tão sacrificado.
De servires de "pau-de-recado" por todos de lado colocado.
É meu pai...não tenho tempo para contigo pescar, de aos teus pés sentar e um pouco escutar, de contigo andar.
O Natal se aproxima e em vez de em ti pensar, só penso no que vou ganhar. Não penso nem contigo rezar.
mas sabe pai, se hoje você me faltasse, eu iria remorsos sentir, por nunca poder te ouvir,
por tudo que de mal de ti pensei... Por não poder me redimir.
Sylvia Roriz -
Mistério da Vida
+NO MISTÉRIO DA VIDA
UM DIA ESTAVA PENSANDO
SOLITÁRIA DIVAGANDO.
OS BEM-TE-VI OLHAVA
PEGANDO COMIDA
PARA OS FILHOTES SUSTENTAR.
PENSEI NOS HUMANOS
MÃES FELIZES
QUE O LEITE DÃO
COM AMOR NO CORAÇÃO
AO BEBE RECEM NASCIDO
COM QUEM SERÁ PARECIDO?
PENSEI....
JÁ NEM SEI QUE COMPARAÇÃO
NAQUELE MOMENTO FIZ,
PASSARINHO
NENENZINHO
TÃO FRÁGEIS,
TÃO FORTES,
DE DEUS CRIATURINHAS
QUE PRECISAM DE CARINHO
E TORNEI A PENSAR
COMO DEUS PARABENIZAR
POR TANTA BELEZA CRIAR.
Sylvia Roriz -
Moreno
+Tem um homem trigueiro,
mineiro e matreiro
que um dia
desvendar o país quis.
Isso algures
em algum lugar eu li.
Outras plagas,
outras praias,
outras matas,
estradas
só, percorreu,
mundo e gente
enfim conheceu.
Fronteiras atravessou,
seu olhar
ao longe arremessou,
perigos mil enfrentou,
mulheres sem conta
beijou e afagou.
Um dia cansado,
das costas estafadas,
aventuras encontrasse,
mas também descansasse.
Quem sabe, já encontrou,
ou na procura infinda
um sonho afague ainda
de um lugar ao sol,
de pescas ao arrebol,
caçadas ao entardecer,
passeios ao amanhecer,
mulheres ao anoitecer...
E simplesmente vivendo
este homem moreno,
matreiro e faceiro,
vai o mundo percorrendo,
sendas trilhando,
estradas criando,
seus filhos mimando,
um mundo todo seu criando,
os outros ajudando
e assim,
a glória de Deus
vai evidenciando.
Sylvia Roriz -
Mundo de Fantasia
+Rever velhas ruas,
casas onde morei,
pessoas que conheci
e percebo...
que um mundo
de fantasias criei,
que tudo mudou,
só eu fiquei.
As pessoas mudam,
coisas se transformam,
outros interesse tem,
outras coisas despertam,
só eu dormi...
no passado retornei.
Só tenho sonhos,
miragens,
fantasias...
E as tristezas?
E as alegrias?
Todos crescem,
até as casas...
velhas ficaram,
e parece que só eu
criança fiquei,
cresci apenas,
mas não mudei.
Sylvia Roriz -
Novo Horizonte
+Me perdi na ida
te achei na volta.
Que reviravolta!
Te vi, conheci
e tanto te amei...
Inconsciente
se aproximou.
Tão consciente
se amarrou.
E das palavras
a troca
se sentou à roca
e no tear
imenso da vida
o amor teceu,
com fios de sonho,
ouro de ilusão,
azul da realidade,
verde da verdade,
vermelho sangue
da quente paixão...
E neste fino tecido,
tão bem entretecido,
embrulhou o coração
e assim...
te ofertou.
Sylvia Roriz -
O Beijo
+Um certo dia,
surpresa,
te vi chegar.
Sorrias,
e minha face
senti pela tua roçar.
A barba áspera
senti arranhar
quando vieste
dos dois lados
me beijar.
O rubor o rosto
total corou
e as risadas
da assistência
o rosado aumentou.
Pertubação...
algo o coração
por certo acelerou.
E no entanto...
foi apenas um beijo,
como leve borboleta,
que minha face roçou.
Sylvia Roriz -
O Vento
+O vento a sussurar por sobre as copas das árvores parece contar-lhe mil segredos apanhados por caminhos ignotos, conhecedor de tudo e todos.
Conheces o linguajar do teu hóspede, ó árvore?
Sim. Maravilhas me conta. Não tas posso dizer, porém... imagina-te em países lendários... mares desconhecidos... píncaros de montanhas tão altas que nunca sequer foram avistadas a olho nú... pensa que estão recobertas por flores exóticas, jamais vistas pelo homem: altas, vermelhas, azuis, amarelas, em todas as cores do arco-íris, em forma as mais variadas, cores entranhando-se em outras, numa mistura agradável à vista, embora no momento espante, mas nunca dissonantes. Tudo isso e muito mais pensa. Visualiza. Encantador, não? E no entanto, pobre de ti... não chega à milésima parte do que meu acariciante, rude, invisível (para ti) amigo ao passar pelos umbrais das minhas salas, comumente chamadas salas de visitas dos passarinhos, começa a contar. São segredos. Nada te conto, nem posso contar. Intrigante? Misterioso? Mais do que imaginas. Não queiras mal a tua amiga, mas ela não te pode falar.
Sylvia Roriz -
Palmieri
+Homem que se dedica
A todos caminho indica
Lhano e humano
De repente aguerrido
Tão protetor, sedutor,
A todos seu manto estende,
A todos compreende.
De Nicky o pai tornou-se
E de felinos o medo esfumou-se.
Hoje ele lhe aquece a nuca
E ele funde a cuca
Pensando como ficar
No dia em que o Nicky o deixar
Seu coração irá baquear
E um irmão do Nicky
Ele irá buscar
Para sua solidão acabar.
Sylvia Roriz -
Pensamento
+Pensando em ti
o tempo todo passei.
Se ao teu lado
passar pudesse...
Tua virilidade,
tua amizade,
tua figura
se me afigura
uma sombra
ao meu lado constante
me protegendo,
me afagando,
nós nos amando.
Pensar...
em viajar...
espairecer...
pequenos mundos
isolados
que vem e vão,
que nos atraem,
que nos seduzem:
os dois num avião...
Sylvia Roriz -
Pigmaleão
+Diz que te mudei,
que te criei
qual novo Pigmaleão,
te dei um coração
vibrante,
fremente,
semente
de sensibilidade
dourado
pela verdade.
Se te mudei,
se criei, se de ti extraí
o sonho,
a poesia,
toda essa alegria,
então...
és meu
para amar,
sonhar
e dançar
e Pigmaleão
e sua obra
para sempre
irão viver,
todas agruras esquecer
e só um ao outro
eternamente querer.
Sylvia Roriz -
Primo
+Um primo
um primor
eu tenho
que transmite calor
que transmite amor
que transmite fervor.
Que da família se apega
que a gato não se nega
que todos sempre ajuda
em uma enorme procura
de um ninho
um carinho...
Que se dá por inteiro
ao mesmo tempo
ah, ele se fecha
para não se ferir
para não coibir
essa imensa procura
de um liame
de um ninho
de um especial carinho
que pode vulnerável tornar
esse gigante gentil
que é meu primo
ele é quase um em mil
é especial
é sensacional!
Sylvia Roriz -
Rede
+Uma rede na varanda,
bem larga,
vermelha,
ao sol da tarde
balançando,
as nuvens
sob nuvens correndo,
se pegando;
o vento de manso
nas flores sussurrando
e o frio seco,
outros frios iguais
lembrando...
fazem cada vez mais desejar
teu corpo na rede
comigo a embalar.
E te vejo ao meu lado a sorrir,
tuas mãos...
teu coração
sobre mim a palpitar...
e teu cabelo...
meus dedos sinto
a se entranhar...
e mais e mais
quero te beijar...
quero te afagar...
quero te escutar...
quero numa rede vermelha
poder um dia te amar.
Sylvia Roriz -
Reminecências
+De uma bela infância
as recordações de criança
atravessam os fusos,
varam os anos
e na mente do adulto
se refazem,
crescem,
lágrimas,
dores
e amores trazem.
O barco o rio descendo
às margens adeus dizendo,
enquanto loucos
a fauna iam dizimando.
Depois o trem
nos trilhos sacolejando,
o sanduiche na estação,
o cisco nos olhos
jorrando água do coração,
a visita à família,
tia, primos...
que alegria!
E ao Rio chegar
mãe e irmãos,
sôfrego,
poder abraçar.
Recordações tantas
da meninice que se foi
e que agora ressurgem
com a aura do sonho
de um garoto bisonho.
Um adulto querido,
amado, sofrido,
mas ainda tão menino!
Sylvia Roriz -
Reveillon
+Reveillon...
chique,
Francês,
só para dizer
que o ano velho morreu
e que o novo nasceu.
Festas, animação,
mil pessoas a comer
ou vinho, champagne beber.
Enquanto lá no salão,
escondindo,
sob o riso disfarçado,
entristece um coração.
Tanta sofisticação
e com que prazer
tudo se quer oferecer
só para o ser amado
enfim ter à mão.
Sylvia Roriz -
Sandra
+Loira musa
De saber sedenta
Atriz prudente
E tão potente
Que a todos que assistem
Engolfa,
Arrebata
Encanta.
Ser de beleza profunda
Seu imo brilha
Seus olhos verde azulados
Alma transparece
Seu amor por todos
Humanos / felinos aquece.
E ela reaparece
Linda e garbosa
Em outra novela
No teatro arrebata
Mil aplausos
Atrae
E encanta.
Ser humano incrível
Seu talento
Com o passar do tempo
Sobe o nível
E o carrinho novo
Seu atual passatempo
A leva de encontro
Ao futuro em contraponto.
Sylvia Roriz -
Saudade
+Saudade...
De algo inatingível
que nem mesmo
sei o que é.
Mistério...
profundo
no qual me afundo,
tentando,
esmiuçando,
querendo ver
o que se foi
e não vi,
o que se foi
e nem senti,
o que se foi
e para sempre perdi.
Saudades...
de algo inatingível
que nem mesmo
sei o que é...
Sylvia Roriz -
Saudades
+Dia primeiro do ano
já está a se findar...
a noite baixou
silenciosa,
chuvosa
e não se pode amar
e não se pode chorar,
só se pode sonhar
num breve encontro
que, quiça!
ira se realizar.
Sylvia Roriz -
Sonho!
+Sonho
Juntos dançar...
Coisa divina
é entre seus braços
queridos estar...
Juntos sonhar...
E posso imaginar
numa sala vazia
você a pintar.
Juntos amar...
E não sei se um dia
desse sonho irei acordar
só para não te achar.
E sozinho então
algo verei
na poeira cair,
escurecer,
fenercer,
e meu coração
ali reconhecerei.
Sylvia Roriz
-
Tristeza
+Tristeza
Tristeza infinda
é não ter ninguém,
a outrem querer
e não pode ter.
É braços vazios,
carentes,
sentir.
É uma criança
não ver sorrir.
É querer gritar
e ter que calar.
querer se dar
sen ninguém
para apanhar.
Querer se dar
e ter que se controlar,
ter que se negar.
Tristeza infinda...
quanta ainda...
é não ter palavras
para isso exprimir,
é para os outros rir
sem alegria sentir.
Sylvia Roriz -
Tristeza
+Ver o féretro sair,
As pessoas chorarem,
Umas as outras
Apoiarem,
Depois seguir
Por alamedas apertadas,
Vendo contra o céu
Recortadado
Um morrote
De anjinhos pejado.
Mil quatrocentos
E quatorze...
Quanta coisa
Em quatro números
Encerrada...
Ver um vão aberto
E recordar...
Tanta exumação...
Uma em que nada restou,
Outra...
Em que houve devolução
Até que,
Três anos depois
Foi-se definitivo
O caixão.
Última despedida...
Flores jogadas...
Uma prece sentida...
Tristeza,
Recordação...
Sylvia Roriz -
Velho Beira-Mar
+Velho prédio abalado,
conturbado
por mim emoções,
trovões,
riscos,
triscos
do teto ao chão.
paredes manchadas,
pisos remendados
em baixo de carpetes
escondidos,
encardidos.
Velho prédio,
prédio velho
que a tantos
passar viu,
que por tantos
já chorou,
já riu,
seu riso esbatido...
alegre...
sofrido...
Em suas salas
seu tremor de ancião
já se sente
e tudo se ressente:
será condução?
será o trovão?
ou apenas
seu cansado coração?
Ah! Prédio velho...
de vento encanado,
mármores pretos
de um lado,
do outro...
um pátio quadrado,
enlameado,
onde ratos
e baratas
tem o seu bazar,
e de tuas janelas te pões a eles mirar.
Prédio velho,
velho prédio...
amigo de tantos
que um dia
por ali passaram,
odiado por outros
que ali ficaram.
Velho prédio injustiçado!
com teu “morte lenta”
de chuva pingado,
- uma raridade! –
e o outro,
coitado:
cansado,
abatido,
a subir e descer,
e entre andares parar
para a fila comprida ver passar,
e vem dia...
e vai dia...
tem mecânico a consertar,
teus fios remendar,
para outra vez trabalhar.
Ah! Prédio velho:
a quantos já viu passar!
e quantos
ainda irás alegrar
ou que irão te odiar?
Velho prédio
espanta o tédio
e observa a vida
que a teu lado passa
e nada te abala,
só o chão
que às vezes
balança,
pois és tristeza
e também esperança.
Sylvia Roriz -
Versos de Douçura inenarrável aqui quero verter
+Versos de tristeza tão profunda, que só de ler fazem sofrer.
Versos sem rima, absurdos, ímpios, que afloram a dor e a alegria, que confundem a noite e o dia, o sol e a lua.
Versos que da poesia não se aproximam e, no entanto, se entrelaçam num poema de dor e amor, nuvem e flor, corpo e alma.
Versos que contêm o sussurro das folhas; o murmurejar brando das ondas; o cantar, ora alegre e saltitante, ora triste e raivoso num instante, do regato que passa; o carinho constante da rama que a areia enlaça; do vôo adejante do colibri, qual lápis colorido a garatujar o espaço; do andar modorrento da lesma, que leva séculos para chegar ao seu fim; tudo isto e muito mais encerram os versos meus.
São gritos da alma dorida, pisada, contundida; são brados e urros da paixão que açoita e no fundo do coração se acoita; são hinos que aos céus se elevam de gratidão e penhor; são sorrisos mansos, lágrimas que rolam sem pranto, mas que trazem tanto encanto...
São flores eu desabrocham ao orvalho ofegante; são rosas despedaçadas pelo vento incessante.
Lembram o gato, felino na sua astúcia; o cão na lealdade com que meus pensamentos guardam, mas antes de tudo, ó estúria! Encerram, seja em dor, seja alegria, que a pena a correr,com carinho, no papel mostra que no fundo d’alma se elevam ao Senhor ufanos hinos de amor!
Sylvia Roriz