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  • Ana

    +

    Contradição
    teu nome é Ana
    Paixão
    Teu nome é Ana
    Meiguice,
    carinho
    por pequenos
    e gatinhos
    Teu nome é Ana.
    Forte,
    sonhadora,
    lutadora
    a todos arrosta
    enfrenta
    nem tente
    usar sua mente
    para a contrariar
    ai Senhor!
    nesse momento
    vai-se o amor
    e vem a fúria
    com todo ardor.
    Coisas impensadas
    jorram
    qual lava de um vulcão!
    Passa o tempo,
    vem a razão
    e degladia com o coração.
    Desculpas pedir
    ou da rinha sair?
    Mas se brota uma risada
    Quiçá uma gargalhada,
    vence o coração
    e que se dane a razão.
    Ela é pura contradição.
    Vai do gelo ao vulcão
    num ápice
    num segundo
    inacreditável ver
    como tudo
    ela pode revolver,
    e se alguém se dispuser
    a outro coisa
    dessa palavra pensar,
    saiba que de arma
    não se trata,
    é como se na terra
    o adubo,
    o monturo querer
    misturar,
    e dali uma flor
    ver brotar,
    sonhar
    fazer
    e afinal resolver.
    Essa é a Ana
    Inacreditável
    mas tão acreditável.
    Ana contradição
    entre a paz e a guerra
    só ela sabe a razão.


    Sylvia Roriz

  • Ano Novo

    +

    Aleluia! Nasceu!
    Como um cometa cruzando os céus, o ano novo surgiu e o velho se despediu.
    Engatinhando, em novos decisões vai pensando.
    Sua vida melhorar. Mais dinheiro ganhar. Aos outros
    se dedicar. Novos amigos ganhar... E quanto mais!
    E o tempo irá passar.
    Crescerá.
    Novos inventos verá. As estações do ano verá passar.
    Se modificara?
    Só podemos desejar que a paz ele vá, com afinco, procurar.


    Sylvia Roriz
     

  • Direitos

    +

    Direitos tantos
    que não se pode ter...
    é como outras vidas
    em si reviver.
    Priscas eras 
    que di chão britam...
    suas raizes sufocam,
    mente e corpo secam
    e o coração...
    a este renegam.
    malditos direitos
    que tudo levam a jeito
    e que meu amor rejeitam



    Sylvia Roriz

  • Gritos

    +

    Quero gritar!
    Ter direito de sonhar,
    com amor viver,
    sem precisar esconder.

    Quimeras que o vento leva
    que a tudo sobreleva,
    tempestades de verão,
    faíscas que britam do chão.

    Quero gritar!
    E o coração se rebela,
    e o raciocínio revela
    que não adianta gritar,
    pois é proibido sonhar.
    Já não se pode amar.


    Sylvia Roriz

  • Humberto

    +

    Quem este homem será?
    um guerreiro de outrora?
    ou um apaziguador?
    Mistério a desvendar...
    altaneiro,
    moreno,
    sensível,
    fagueiro....
    Será um cozinheiro?
    Mistério a desvendar...
    Chef de la cuisine
    pode se intitular,
    sensível
    um gatinho pode amamentar.
    Mas quem ele será?
    Mistério a desvendar...
    Ironico,
    risonho,
    está o riso
    sempre a procurar.
    Mas quem esse homem será?
    Mistério a desvendar...
    Trabalhador,
    sonhador,
    cuidador,
    decorador,
    epitetos tantos
    ele pode ganhar.
    Mas quem esse homem será?
    Mistério a desvendar...
    Pai amante
    carinhoso
    os filhos sempre quer
    ao seu lado ter,
    e acarinhar.
    Mas quem esse homem será?
    Mistério a desvendar...
    Marido,
    amante,
    romantismo
    a extrapolar
    tudo enfrenta
    para ao lado da mulher
    sempre estar.
    Mas quem esse homem será?
    Mistério a desvendar...
    Mil facetas
    se deve procurar
    para esse homem
    poder encontrar
    e finalmente
    o mistério desvendar.


    Sylvia Roriz

  • Insatisfação

    +

    Insegurança,
    desesperança,
    rejeição,
    solidão.
    Simples termos
    que nada dizem
    do vazio,
    do ermo
    que minha mente,
    meu coração,
    povoa.
    Tristeza,
    insatisfação,
    ânsia de realização,
    o sonho revoa,
    asas agitando,
    me desesperando
    por não saber
    o que querer,
    o que poder,
    quero escrever,
    pôr para fora
    o que me angustia.
    Para os outros finjo alegria,
    por dentro
    estou numa total.
    horripilante,
    apatia.
     


    Sylvia Roriz

  • Jogo

    +

    O jogo segue enervante
    O coração balança
    E a bola se lança
    Tentando o gol acelerar
    Ver o Brasil ganhar!
    E os minutos correm
    E o inimigo desconcentra
    E sobre o nosso campo centra.
    Perplexos os dedos se apertam
    Numa grande tensão....
    Agüenta coração!!!


    Sylvia Roriz

  • Jogo Portugal x Brasil

    +

    Escrever por escrever
    E o jogo ver passar
    Brasil.... Portugal...
    Uma bola a perseguir
    Doida para um gol ver sair
    E o jogo continua,
    Enervante,
    Pulsante,
    Um recebe
    Outro atropela
    A tensão vai subindo,
    Enquanto a bola
    Da rede vai fugindo...
    Bate na trave
    Sobe, vai de lado,
    Dois sobem
    A bola procurando
    E na grama saem rolando.
    Portugal acelera
    Brasil atropela.
    Quem corre,
    Quem esbarra?
    Os times vão revezando
    Nesse empurra e corre geral
    E o gol não sai!
    De longe um se atreve
    Mas a bola sai de lado
    E quem assiste decepcionado.
    E continua a corrida
    E do gol a bola escapa,
    Ora Portugal se aproxima
    E a gente mal respira
    Ora o Brasil tenta a rede balançar...
    A multidão ruge e grita
    Levanta, se agita
    Mas a sorte implacável
    Torna a trave maleável.
    E o jogador seu próprio goleiro atropela
    E o técnico se arrepela
    Grita e xinga
    Quer ver o gol sair
    Seu time sobressair.
    O segundo tempo está a meio
    E agora eles já se machucam
    Sem carinho se fitam
    E o pirata de aquário
    De mau olhar se lança
    E ao errar,
    Irritado, se afasta
    E os que assistem se ufanam
    E cantam um vira safado
    Que o time não escuta...
    Mas já se vê uma permuta
    Cinco minutos mais longos
    Da história se arrastam.
    O gol pinta...
    Mas sai fora
    E o povo chora e implora
    Um gol sai agora!
    Mas a penosa da rede se afasta
    E o goleiro agora
    Sobre um atacante se arrasta...
    E é o pirata de aquário
    Que sai da água e se afasta
    E o jogo termina em frustração
    Pois nenhum gol saiu.
    E o coração?
    Ah! Esse descansou
    Pois o Brasil afinal ficou!


    Sylvia Roriz

  • Lucia

    +

    Profunda
    Sonhadora
    Protetora
    A professora
    De dogmas imbuída
    De amor possuída.
    É firme
    É doce
    Cortês,
    De ideais passados
    No presente
    Se curva mas não se abate
    Enfrenta todos os embates


    Sylvia Roriz

  • Mãe

    +

    O mundo inteiro
    no teu dia
    se enternece,
    e ninguém esquece
    da que já se foi,
    da que sem o filho
    um dia ficou,
    ou que o mundo
    por um filho
    enfrentou.
    Felizes aqueles
    que no teu dia
    abraçar te podem,
    sob teu olhar
    se acolhem.
    Que homenagem
    te prestam,
    enquanto a outros,
    outros tantos,
    apenas as flores
    da saudade restam.

    MÃE

    Mãe.
    Palavra pequena
    de tão profundo significado.
    Que faz de um ser
    solitário, perdido,
    um ente muito amado.
    Que de um broto pequeno
    uma árvore frutífera
    com seu amor transforma.
    Mãe.
    Ser que chora,
    que ri,
    aos filhos irmanada.
    Que de si se esquece,
    sua dor não transparece
    para sua prole não magoar,
    enquanto os ensina
    a todos amar

    Mãe

    Três letrinhas
    que um bebe balbucia
    o abrigo de seus braços
    com amor procurando,
    todo medo afastando
    Mãe.
    que ao seu filho
    ver em perigo
    tudo arrosta ,
    se agiganta,
    o pranto prende
    na garganta,
    para só depois
    de salvo o ver
    então desfalecer.
    Do adulto o arrimo,
    pois com seu carinho
    o faz empreender
    do bem o caminho.
    E quando já velhinha
    branca nuvem
    a coroar sua cabecinha,
    sempre terá
    um de seus filhos
    a lhe servir de bengalinha.


    Sylvia Roriz

  • Marli

    +

    O que posso sobre essa mulher
    Batalhadora escrever?
    Nada deixa entrever,
    Sua alma esconde ferrenha
    Seus segredos.
    Ri...
    E seu riso sobre aos olhos,
    Sem antolhos,
    Mas sem deixar outros
    Em seu imo penetrar
    No que realmente pensa,
    No que realmente quer.
    Temida?
    Querida?
    Incógnita para uns
    Livro aberto para outros.
    Será?
    Quem adivinhará
    O que essa guerreira pensa....
    Mulher de sete instrumentos,
    Se sai bem a cada momento.
    Essa mulher aguerrida
    É por muitos muito querida.


    Sylvia Roriz

  • Máscara

    +

    Amor,
    vida,
    risos
    e choro
    eis do mundo a essência
    de Deus a aquiescência.

    Se chorares
    chora só.
    O mundo não te acompanha.
    Gargalha,
    ri por fora
    e todos te acompanham.

    Ama a vida com fervor,
    olha o céu...
    e ao teu redor.
    Ria
    e contigo rirão.
    E a tristeza fugirá.
    Nada te magoará.



    Sylvia Roriz

  • Meu Pai!

    +

    Natal se aproxima e me ponho a pensar que quase não te vi...porque eu assim não quis.
    Que chegas em casa cansado, esfomeado e nem boa-noite te dou ou pergunto como passou.
    Que do alto da minha sabedoria de 19 anos eu te julgo, recrimino, te acho "quadrado" totalmente obliterado.
    Não tenho tempo. Sou por demais ocupado. Tenho amigos, faculdade, namorada...Que queres mais?
    Es velho, desgastado. Só serves para dares os poucos trocados. De usar teu carro, tão sacrificado. 
    De servires de "pau-de-recado" por todos de lado colocado.
    É meu pai...não tenho tempo para contigo pescar, de aos teus pés sentar e um pouco escutar, de contigo andar.

    O Natal se aproxima e em vez de em ti pensar, só penso no que vou ganhar. Não penso nem contigo rezar.
    mas sabe pai, se hoje você me faltasse, eu iria remorsos sentir, por nunca poder te ouvir, 
    por tudo que de mal de ti pensei... Por não poder me redimir.



    Sylvia Roriz

  • Mistério da Vida

    +

    NO MISTÉRIO DA VIDA
    UM DIA ESTAVA PENSANDO
    SOLITÁRIA DIVAGANDO.
    OS BEM-TE-VI OLHAVA
    PEGANDO COMIDA
    PARA OS FILHOTES SUSTENTAR.
    PENSEI NOS HUMANOS
    MÃES FELIZES
    QUE O LEITE DÃO
    COM AMOR NO CORAÇÃO
    AO BEBE RECEM NASCIDO
    COM QUEM SERÁ PARECIDO?
    PENSEI....
    JÁ NEM SEI QUE COMPARAÇÃO
    NAQUELE MOMENTO FIZ,
    PASSARINHO
    NENENZINHO
    TÃO FRÁGEIS,
    TÃO FORTES,
    DE DEUS CRIATURINHAS
    QUE PRECISAM DE CARINHO
    E TORNEI A PENSAR
    COMO DEUS PARABENIZAR
    POR TANTA BELEZA CRIAR.

    Sylvia Roriz

  • Moreno

    +

    Tem um homem trigueiro,
    mineiro e matreiro
    que um dia
    desvendar o país quis.
    Isso algures
    em algum lugar eu li.
    Outras plagas,
    outras praias,
    outras matas,
    estradas
    só, percorreu,
    mundo e gente
    enfim conheceu.
    Fronteiras atravessou,
    seu olhar
    ao longe arremessou,
    perigos mil enfrentou,
    mulheres sem conta
    beijou e afagou.
    Um dia cansado,
    das costas estafadas,
    aventuras encontrasse,
    mas também descansasse.
    Quem sabe, já encontrou,
    ou na procura infinda
    um sonho afague ainda
    de um lugar ao sol,
    de pescas ao arrebol,
    caçadas ao entardecer,
    passeios ao amanhecer,
    mulheres ao anoitecer...
    E simplesmente vivendo
    este homem moreno,
    matreiro e faceiro,
    vai o mundo percorrendo,
    sendas trilhando,
    estradas criando,
    seus filhos mimando,
    um mundo todo seu criando,
    os outros ajudando
    e assim,
    a glória de Deus
    vai evidenciando.



    Sylvia Roriz

  • Mundo de Fantasia

    +

    Rever velhas ruas,
    casas onde morei,
    pessoas que conheci
    e percebo...
    que um mundo
    de fantasias criei,
    que tudo mudou,
    só eu fiquei.
    As pessoas mudam,
    coisas se transformam,
    outros interesse tem,
    outras coisas despertam,
    só eu dormi...
    no passado retornei.
    Só tenho sonhos,
    miragens,
    fantasias...
    E as tristezas?
    E as alegrias?
    Todos crescem,
    até as casas...
    velhas ficaram,
    e parece que só eu
    criança fiquei,
    cresci apenas,
    mas não mudei.


    Sylvia Roriz

  • Novo Horizonte

    +

    Me perdi na ida
    te achei na volta.
    Que reviravolta!
    Te vi, conheci
    e tanto te amei...
    Inconsciente
    se aproximou.
    Tão consciente
    se amarrou.
    E das palavras
    a troca
    se sentou à roca
    e no tear
    imenso da vida
    o amor teceu,
    com fios de sonho,
    ouro de ilusão,
    azul da realidade,
    verde da verdade,
    vermelho sangue
    da quente paixão...
    E neste fino tecido,
    tão bem entretecido,
    embrulhou o coração
    e assim...
    te ofertou.


    Sylvia Roriz

  • O Beijo

    +

    Um certo dia,
    surpresa,
    te vi chegar.
    Sorrias,
    e minha face
    senti pela tua roçar.
    A barba áspera
    senti arranhar
    quando vieste
    dos dois lados
    me beijar.
    O rubor o rosto
    total corou
    e as risadas
    da assistência
    o rosado aumentou.
    Pertubação...
    algo o coração
    por certo acelerou.
    E no entanto...
    foi apenas um beijo,
    como leve borboleta,
    que minha face roçou.

    Sylvia Roriz

  • O Vento

    +

    O vento a sussurar por sobre as copas das árvores parece contar-lhe mil segredos apanhados por caminhos ignotos, conhecedor de tudo e todos.
    Conheces o linguajar do teu hóspede, ó árvore?
    Sim. Maravilhas me conta. Não tas posso dizer, porém... imagina-te em países lendários... mares desconhecidos... píncaros de montanhas tão altas que nunca sequer foram avistadas a olho nú... pensa que estão recobertas por flores exóticas, jamais vistas pelo homem: altas, vermelhas, azuis, amarelas, em todas as cores do arco-íris, em forma as mais variadas, cores entranhando-se em outras, numa mistura agradável à vista, embora no momento espante, mas nunca dissonantes. Tudo isso e muito mais pensa. Visualiza. Encantador, não? E no entanto, pobre de ti... não chega à milésima parte do que meu acariciante, rude, invisível (para ti) amigo ao passar pelos umbrais das minhas salas, comumente chamadas salas de visitas dos passarinhos, começa a contar. São segredos. Nada te conto, nem posso contar. Intrigante? Misterioso? Mais do que imaginas. Não queiras mal a tua amiga, mas ela não te pode falar.


    Sylvia Roriz

  • Palmieri

    +

    Homem que se dedica
    A todos caminho indica
    Lhano e humano
    De repente aguerrido
    Tão protetor, sedutor,
    A todos seu manto estende,
    A todos compreende.
    De Nicky o pai tornou-se
    E de felinos o medo esfumou-se.
    Hoje ele lhe aquece a nuca
    E ele funde a cuca
    Pensando como ficar
    No dia em que o Nicky o deixar
    Seu coração irá baquear
    E um irmão do Nicky
    Ele irá buscar
    Para sua solidão acabar.


    Sylvia Roriz

  • Pensamento

    +

    Pensando em ti
    o tempo todo passei.
    Se ao teu lado
    passar pudesse...
    Tua virilidade,
    tua amizade,
    tua figura
    se me afigura
    uma sombra
    ao meu lado constante
    me protegendo,
    me afagando,
    nós nos amando.
    Pensar...
    em viajar...
    espairecer...
    pequenos mundos
    isolados
    que vem e vão,
    que nos atraem,
    que nos seduzem:
    os dois num avião...


    Sylvia Roriz

  • Pigmaleão

    +

    Diz que te mudei,
    que te criei
    qual novo Pigmaleão,
    te dei um coração
    vibrante,
    fremente,
    semente
    de sensibilidade
    dourado
    pela verdade.
    Se te mudei,
    se criei, se de ti extraí
    o sonho,
    a poesia,
    toda essa alegria,
    então...
    és meu
    para amar,
    sonhar
    e dançar
    e Pigmaleão
    e sua obra
    para sempre
    irão viver,
    todas agruras esquecer
    e só um ao outro
    eternamente querer.

    Sylvia Roriz

  • Primo

    +

    Um primo
    um primor
    eu tenho
    que transmite calor
    que transmite amor
    que transmite fervor.
    Que da família se apega
    que a gato não se nega
    que todos sempre ajuda
    em uma enorme procura
    de um ninho
    um carinho...
    Que se dá por inteiro
    ao mesmo tempo
    ah, ele se fecha
    para não se ferir
    para não coibir
    essa imensa procura
    de um liame
    de um ninho
    de um especial carinho
    que pode vulnerável tornar
    esse gigante gentil
    que é meu primo
    ele é quase um em mil
    é especial
    é sensacional!

    Sylvia Roriz

  • Rede

    +

    Uma rede na varanda,
    bem larga,
    vermelha,
    ao sol da tarde
    balançando,
    as nuvens
    sob nuvens correndo,
    se pegando;
    o vento de manso
    nas flores sussurrando
    e o frio seco,
    outros frios iguais
    lembrando...
    fazem cada vez mais desejar
    teu corpo na rede
    comigo a embalar.
    E te vejo ao meu lado a sorrir,
    tuas mãos...
    teu coração
    sobre mim a palpitar...
    e teu cabelo...
    meus dedos sinto
    a se entranhar...
    e mais e mais
    quero te beijar...
    quero te afagar...
    quero te escutar...
    quero numa rede vermelha
    poder um dia te amar.


    Sylvia Roriz

  • Reminecências

    +

    De uma bela infância
    as recordações de criança
    atravessam os fusos,
    varam os anos
    e na mente do adulto
    se refazem,
    crescem,
    lágrimas,
    dores
    e amores trazem.
    O barco o rio descendo
    às margens adeus dizendo,
    enquanto loucos
    a fauna iam dizimando.
    Depois o trem
    nos trilhos sacolejando,
    o sanduiche na estação,
    o cisco nos olhos
    jorrando água do coração,
    a visita à família,
    tia, primos...
    que alegria!
    E ao Rio chegar
    mãe e irmãos,
    sôfrego,
    poder abraçar.
    Recordações tantas
    da meninice que se foi
    e que agora ressurgem
    com a aura do sonho
    de um garoto bisonho.
    Um adulto querido,
    amado, sofrido,
    mas ainda tão menino!


    Sylvia Roriz

  • Reveillon

    +

    Reveillon...
    chique,
    Francês,
    só para dizer
    que o ano velho morreu
    e que o novo nasceu.
    Festas, animação,
    mil pessoas a comer
    ou vinho, champagne beber.
    Enquanto lá no salão,
    escondindo,
    sob o riso disfarçado,
    entristece um coração.
    Tanta sofisticação
    e com que prazer
    tudo se quer oferecer
    só para o ser amado
    enfim ter à mão.



    Sylvia Roriz

  • Sandra

    +

    Loira musa
    De saber sedenta
    Atriz prudente
    E tão potente
    Que a todos que assistem
    Engolfa,
    Arrebata
    Encanta.
    Ser de beleza profunda
    Seu imo brilha
    Seus olhos verde azulados
    Alma transparece
    Seu amor por todos
    Humanos / felinos aquece.
    E ela reaparece
    Linda e garbosa
    Em outra novela
    No teatro arrebata
    Mil aplausos
    Atrae
    E encanta.
    Ser humano incrível
    Seu talento
    Com o passar do tempo
    Sobe o nível
    E o carrinho novo
    Seu atual passatempo
    A leva de encontro
    Ao futuro em contraponto.


    Sylvia Roriz

  • Saudade

    +

    Saudade...
    De algo inatingível
    que nem mesmo
    sei o que é.
    Mistério...
    profundo
    no qual me afundo,
    tentando,
    esmiuçando,
    querendo ver
    o que se foi
    e não vi,
    o que se foi
    e nem senti,
    o que se foi
    e para sempre perdi.
    Saudades...
    de algo inatingível
    que nem mesmo
    sei o que é...

    Sylvia Roriz

  • Saudades

    +

    Dia primeiro do ano
    já está a se findar...
    a noite baixou
    silenciosa,
    chuvosa
    e não se pode amar
    e não se pode chorar,
    só se pode sonhar
    num breve encontro
    que, quiça!
    ira se realizar.


    Sylvia Roriz

  • Sonho!

    +

    Sonho
    Juntos dançar...
    Coisa divina
    é entre seus braços
    queridos estar...
    Juntos sonhar...
    E posso imaginar
    numa sala vazia
    você a pintar.
    Juntos amar...
    E não sei se um dia
    desse sonho irei acordar
    só para não te achar.
    E sozinho então
    algo verei
    na poeira cair,
    escurecer,
    fenercer,
    e meu coração
    ali reconhecerei.

    Sylvia Roriz
     

  • Tristeza

    +

    Tristeza
    Tristeza infinda
    é não ter ninguém,
    a outrem querer
    e não pode ter.
    É braços vazios,
    carentes,
    sentir.
    É uma criança
    não ver sorrir.
    É querer gritar
    e ter que calar.
    querer se dar
    sen ninguém
    para apanhar.
    Querer se dar
    e ter que se controlar,
    ter que se negar.
    Tristeza infinda...
    quanta ainda...
    é não ter palavras
    para isso exprimir,
    é para os outros rir
    sem alegria sentir.


    Sylvia Roriz

  • Tristeza

    +

    Ver o féretro sair,
    As pessoas chorarem,
    Umas as outras
    Apoiarem,
    Depois seguir
    Por alamedas apertadas,
    Vendo contra o céu
    Recortadado
    Um morrote
    De anjinhos pejado.
    Mil quatrocentos
    E quatorze...
    Quanta coisa
    Em quatro números
    Encerrada...
    Ver um vão aberto
    E recordar...
    Tanta exumação...
    Uma em que nada restou,
    Outra...
    Em que houve devolução
    Até que,
    Três anos depois
    Foi-se definitivo
    O caixão.
    Última despedida...
    Flores jogadas...
    Uma prece sentida...
    Tristeza,
    Recordação...


    Sylvia Roriz

  • Velho Beira-Mar

    +

    Velho prédio abalado,
    conturbado
    por mim emoções,
    trovões,
    riscos,
    triscos
    do teto ao chão.
    paredes manchadas,
    pisos remendados
    em baixo de carpetes
    escondidos,
    encardidos.
    Velho prédio,
    prédio velho
    que a tantos
    passar viu,
    que por tantos
    já chorou,
    já riu,
    seu riso esbatido...
    alegre...
    sofrido...
    Em suas salas
    seu tremor de ancião
    já se sente
    e tudo se ressente:
    será condução?
    será o trovão?
    ou apenas
    seu cansado coração?
    Ah! Prédio velho...
    de vento encanado,
    mármores pretos
    de um lado,
    do outro...
    um pátio quadrado,
    enlameado,
    onde ratos
    e baratas
    tem o seu bazar,
    e de tuas janelas te pões a eles mirar.
    Prédio velho,
    velho prédio...
    amigo de tantos
    que um dia
    por ali passaram,
    odiado por outros
    que ali ficaram.
    Velho prédio injustiçado!
    com teu “morte lenta”
    de chuva pingado,
    - uma raridade! –
    e o outro,
    coitado:
    cansado,
    abatido,
    a subir e descer,
    e entre andares parar
    para a fila comprida ver passar,
    e vem dia...
    e vai dia...
    tem mecânico a consertar,
    teus fios remendar,
    para outra vez trabalhar.
    Ah! Prédio velho:
    a quantos já viu passar!
    e quantos
    ainda irás alegrar
    ou que irão te odiar?
    Velho prédio
    espanta o tédio
    e observa a vida
    que a teu lado passa
    e nada te abala,
    só o chão
    que às vezes
    balança,
    pois és tristeza
    e também esperança.


    Sylvia Roriz

  • Versos de Douçura inenarrável aqui quero verter

    +

    Versos de tristeza tão profunda, que só de ler fazem sofrer.
    Versos sem rima, absurdos, ímpios, que afloram a dor e a alegria, que confundem a noite e o dia, o sol e a lua.
    Versos que da poesia não se aproximam e, no entanto, se entrelaçam num poema de dor e amor, nuvem e flor, corpo e alma.
    Versos que contêm o sussurro das folhas; o murmurejar brando das ondas; o cantar, ora alegre e saltitante, ora triste e raivoso num instante, do regato que passa; o carinho constante da rama que a areia enlaça; do vôo adejante do colibri, qual lápis colorido a garatujar o espaço; do andar modorrento da lesma, que leva séculos para chegar ao seu fim; tudo isto e muito mais encerram os versos meus.
    São gritos da alma dorida, pisada, contundida; são brados e urros da paixão que açoita e no fundo do coração se acoita; são hinos que aos céus se elevam de gratidão e penhor; são sorrisos mansos, lágrimas que rolam sem pranto, mas que trazem tanto encanto...
    São flores eu desabrocham ao orvalho ofegante; são rosas despedaçadas pelo vento incessante.
    Lembram o gato, felino na sua astúcia; o cão na lealdade com que meus pensamentos guardam, mas antes de tudo, ó estúria! Encerram, seja em dor, seja alegria, que a pena a correr,com carinho, no papel mostra que no fundo d’alma se elevam ao Senhor ufanos hinos de amor!


    Sylvia Roriz